Hipolabor explica: entenda o movimento antivacina
No final do ano passado, mais de 120 pessoas, em sua maioria crianças, ficaram doentes após uma viagem para a Disneylândia, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. O motivo: sarampo. O surto da doença assustou o mundo inteiro, já que ela pode ser prevenida com a vacina tríplice viral que é disponibilizada pelo governo americano. A resposta para a controvérsia vem do movimento antivacina, que, em expansão em diversos países desenvolvidos, vem provocando o retorno de doenças infecciosas que estavam praticamente erradicadas.
Leia o nosso post e entenda o que é o movimento antivacina, como ele surgiu e quais as consequências dele para a saúde mundial.
O que é o movimento antivacina?
O movimento antivacina é uma campanha para que crianças não sejam vacinadas e possam combater as infecções de modo natural, evitando também os efeitos colaterais das vacinas. A maioria das pessoas envolvidas são pais com alto nível educacional e financeiro, profissionais de medicina alternativa e pessoas ativas em movimentos religiosos.
Quais os argumentos a favor desse movimento?
De acordo com o movimento, o organismo humano deve gerar imunidade de forma natural, sem a intervenção de substâncias laboratoriais, ou seja, quando a criança se expor à infecção ela ficará doente, mas será capaz de combater o micro-organismo e a partir daí ser imune a ele. As vacinas enfraqueceriam essa habilidade natural e deixariam o organismo susceptível a outras doenças.
Outra grande questão defendida é que o calendário de vacinas estaria sendo influenciado pela indústria farmacêutica e promovendo um grande aumento no número de vacinas obrigatórias. Isso faz com que as crianças recebem inúmeras doses, antes mesmo que elas fossem adequadamente testadas, predispondo-as a sofrerem de efeitos colaterais e até desenvolverem outras doenças, como o autismo.
De onde surgiu tudo isso?
Como a produção de vacinas é um avanço recente da medicina, o número de vacinas colocadas no mercado não para de crescer. Tantas vacinas vem preocupando os pais há décadas, mas foi em 1988 que o movimento ganhou mais força. Neste ano, foi publicado na Lancet, uma renomada revista científica, um artigo que associava o autismo à vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola. No entanto, desde então vários outros centros de pesquisa tentaram reproduzir os dados do artigo e não conseguiam obter os mesmos resultados, não encontrando associação alguma entre a vacina e o autismo. Em 2010, o mistério foi solucionado. O médico britânico Andrew Wakefield, responsável pelo artigo em 1988, havia forjado os resultados. Sua licença médica foi caçada e a revista teve que pedir desculpas pela publicação.
Há alguma outra evidência científica contra as vacinas?
Não. Nenhuma outra pesquisa conseguiu provar até hoje qualquer desvantagem em relação à aplicação de vacinas. Embora elas possam provocar efeitos colaterais, a maioria é leve como febre baixa e dor local e em números infinitamente menores do que o de pessoas que teriam a doença e poderiam morrer dela, caso a vacina não existisse.
Se considerarmos apenas a vacina contra o sarampo, são meio milhões de vidas salvas anualmente. No Brasil, a vacinação já erradicou a varíola, a poliomielite, a rubéola e o sarampo autócnes, e reduziu a incidência de difteria, tétano, coqueluche, rotavírus, meningite, pneumonia e muitas outras doenças, salvando a vida de milhares de pessoas.
Como o movimento antivacina vem afetando a saúde da população?
O boom do movimento durante a década de 90 fez com que alguns países até retirassem vacinas do calendário de vacinação. Mas em todos os casos, isso imediatamente provocou um surto das doenças e as vacinas voltaram a ser recomendadas. Atualmente, o direito individual de escolha de não vacinar os filhos vem provocando surtos ocasionais, como o que ocorreu na Disney, e os dados não mentem: nos EUA, houve um aumento de 10x no número de casos de sarampo entre 2013 e 2014.
Dessa forma, toda a população fica mais exposta às doenças, já que muitas pessoas não são vacinadas, seja por baixo acesso ao sistema de saúde, por apresentarem alergias, imunossupressão ou outras condições que o impedem de tomar vacina ou por ainda não estarem na idade em que a vacina é recomendada. A vacinação é um método excelente de prevenção e até erradicação de doenças, mas desde que atinja 95% de cobertura da população.
Agora que você já sabe tudo sobre o movimento antivacina já pode esclarecer as dúvidas de seus clientes e estimular a vacinação. Quer aprender mais? Continue acompanhando o nosso blog e, se tiver alguma dúvida, escreva para nós através dos comentários!