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Guia completo: como funciona o mercado farmacêutico

Guia completo: como funciona o mercado farmacêutico

Uma forte característica da indústria farmacêutica é a constante busca por inovações, tanto nos produtos quanto nas tecnologias utilizadas para que se consiga atingir impacto na qualidade e nos preços.

O mercado farmacêutico vem passando por importantes mudanças e, no Brasil, teve seu crescimento impulsionado principalmente por causa dos medicamentos genéricos, que tem se popularizado cada dia mais. A propósito, o país destaca-se no contexto global como um dos mercados com maior expansão nos últimos anos.

Nesse conteúdo, iremos apresentar o mercado farmacêutico, com ênfase no mercado brasileiro, apontando suas principais características. Abordaremos também as principais áreas de atuação dentro do setor farmacêutico, destacando algumas carreiras promissoras. Além disso, traremos quais são as previsões e expectativas do mercado para o ano.

O mercado farmacêutico

Até meados da década de 30, a cada ano, aproximadamente seis novos medicamentos eram acrescentados à farmacopeia americana. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até a década de 40 a indústria farmacêutica baseava-se apenas na manufatura orientada daqueles medicamentos e produtos que já existiam. Os varejistas eram os responsáveis por adquirir da indústria os princípios ativos para a formulação artesanal dos medicamentos. Entre as décadas de 40 e 50 foi que uma grande quantidade de novos produtos foi produzida, graças aos avanços tecnológicos e científicos da época. Depois da Segunda Guerra, houve a internacionalização das grandes empresas, inicialmente nos países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e alguns países da Europa, alcançando em seguida os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.

Atualmente, o mercado farmacêutico brasileiro é definitivamente um mercado em expansão, tendo praticamente dobrado de tamanho nos últimos cinco anos. Os maiores produtores de medicamentos no Brasil estão principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, com destaque para a produção de analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios e antigripais. Apesar disso, a maioria dos princípios ativos e substâncias utilizadas para essa produção ainda vem importada de outros países.

O mercado farmacêutico no Brasil é bastante heterogêneo, sem uma empresa específica controlando grande parte da oferta total de medicamentos no país.

Uma peculiaridade do nosso mercado diz respeito à renda dos consumidores: os de alta renda ainda dão preferência aos medicamentos de referência, o que acaba promovendo pouca variação nos preços dos remédios vendidos sob prescrição. Apesar disso, a diminuição do preço dos medicamentos vendidos sem prescrição aumenta sua demanda. Já na população de baixa renda, a demanda dos medicamentos tem mais relação com as variações na renda dos consumidores do que nos preços dos medicamentos.

Pode-se dizer que a evolução da indústria no Brasil ocorreu a partir da segunda metade da década de 90, quando o país passou a reconhecer patentes farmacêuticas e houve a criação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pouco tempo depois, a participação dos medicamentos genéricos cresceu consideravelmente, triplicando em um intervalo de dez anos (entre 2003 e 2014). A expectativa é de ainda maior crescimento, já que em países desenvolvidos a participação dos genéricos atinge entre 60% e 80% do mercado, muito mais do que o que já foi alcançado aqui. Um fato importante sobre isso é que os genéricos não apenas passaram a ser usados substituindo os medicamentos de referência, mas sim ampliando o tamanho do mercado, facilitando o acesso à população e a adesão a tratamentos. Atualmente, grande parte dos medicamentos de referência que já tiveram suas patentes expiradas já possui pelo menos um medicamento genérico correspondente disponível no mercado.

Nesse cenário, levando em conta o estágio tecnológico em que se encontra a indústria farmacêutica e um consequente acirramento na concorrência, surge uma maior pressão por preços e portfólio. Os consumidores, sejam públicos ou privados, exigirão cada vez mais inovações que promovam benefícios para os pacientes e para os sistemas de saúde. Esperam-se medicamentos melhorados ou novos, com boa relação de custo-efetividade.  A vantagem competitiva das empresas estará baseada na diferenciação dos produtos e nas inovações com relação aos já existentes.

A evolução da indústria farmacêutica pode ser dividida em quatro estágios. São eles:

  • Pesquisa e desenvolvimento (P&D) – a primeira etapa, considerada a mais complexa se levado em conta o ponto de vista tecnológico, diz respeito aos estudos farmacotécnicos, testes farmacológicos, ensaios clínicos e testes de eficácia para o desenvolvimento de novos fármacos.
  • Produção de fármacos – o segundo estágio consiste na otimização do primeiro e obtenção de processos para que a produção seja feita em escala industrial, de forma que aumente o seu rendimento.
  • Produção de especialidades farmacêuticas – essa etapa compreende a produção dos medicamentos em sua apresentação final, ou seja, prontos para o uso do consumidor, podendo ser injetáveis, suspensões, comprimidos, cápsulas, entre outras formas. Nesse estágio, há sempre a busca por inovação no que diz respeito ao aperfeiçoamento ou adaptações necessárias para facilitar a administração ou alcançar maiores níveis terapêuticos.
  • Marketing e comercialização – é o estágio onde é feita a propaganda das especialidades farmacêuticas, através de uma linguagem técnica diferenciada, elaborada através de departamentos da indústria.

Áreas de atuação

Hoje em dia, muitos ainda acreditam que o farmacêutico é apenas aquele profissional que atende nos balcões de uma farmácia. Embora exista uma lei que obriga a presença de um farmacêutico em cada unidade que comercializa medicamentos, o mercado vai muito além e, além de possuir grande variedade de cargos e áreas de atuação, ainda está em constante crescimento e passando por uma fase bastante favorável.

A profissão de farmacêutico foi regulamentada no Brasil em 1931 e, desde então, foi dividida em três modalidades básicas de atuação:

  • Fármacos e medicamentos – nesta área, o profissional trabalha em indústria farmacêutica, na pesquisa de novos tipos de drogas ou cosméticos, ou ainda atuando no controle de qualidade dos medicamentos ou em sua produção.
  • Análises clínicas e toxicológicas – nesta modalidade, o farmacêutico atua em laboratórios de análise, executando exames clínico-laboratoriais ou no controle de produtos tóxicos em medicamentos, alimentos, pessoas e ambientes.
  • Alimentos – o profissional dessa área atua basicamente no controle de qualidade nas indústrias de produtos alimentícios e bebidas. Pode trabalhar também no desenvolvimento de novos produtos ou ingredientes.

Dentre as principais atividades do farmacêutico, seja em pesquisa, produção ou vendas, pode-se destacar:

  • Planejamento, testes e desenvolvimento do processo de fabricação de produtos.
  • Produção e divulgação de artigos com suas pesquisas.
  • Participação no controle e fiscalização das etapas de produção.
  • Inspeção do produto final, embalagem e armazenamento.
  • Atuação como responsável técnico na fabricação de produtos.
  • Atuação como responsável técnico em laboratórios de análises clínicas.

Com o tempo, novos cargos foram criados de acordo com a demanda e as exigências do mercado. Por causa disso, o profissional de Farmácia precisa estar cada vez mais atualizado e preparado, seja através de especializações, seja através da experiência adquirida em sua atuação. Muitas carreiras são bastante promissoras e têm se destacado. Algumas delas:

Medical Science Liaison – neste cargo, anteriormente ocupado apenas por médicos, o profissional atua na prestação de consultorias para a indústria farmacêutica e de Biotecnologia, intermediando a comunicação entre as indústrias e os médicos e profissionais da saúde, viabilizando sua ligação. O MSL precisa comunicar conceitos científicos complexos e, para isso, geralmente precisa ter um patamar científico alto, conseguido através de cursos de especialização e capacitação.

Gerente de farmaeconomia – o cargo exige conhecimentos nas áreas de Farmácia e Economia, pois diz respeito ao profissional responsável basicamente por identificar os produtos com melhores custos para determinados tratamentos. Nessa área, é preciso coletar e analisar dados e os impactos econômicos e sociais de um tratamento, com o objetivo de apresentar opções de medicamentos considerando eficácia e custo.

Gerente de acesso ao mercado – podendo atuar no mercado público ou privado, o profissional é o responsável por mediar a relação entre a indústria farmacêutica e os clientes, seja o governo ou hospitais. Para exercer esse cargo, o farmacêutico precisa ter profundo conhecimento sobre os medicamentos, inclusive suas questões técnicas, para conseguir mapear as necessidades dos clientes e apontar as soluções.

Expectativas para o ano

Existe sempre uma expectativa de que surjam inovações que revolucionem os processos de produção de medicamentos, na intenção de promover impacto na qualidade e no preço dos produtos para os consumidores, mas a inovação tecnológica que tem sido vista ainda é bem pequena, basicamente sobre processos e equipamentos já existentes. Apesar disso, a realidade é que o mercado farmacêutico continua em expansão, tanto no mundo quanto no Brasil.

Na Exposição Internacional de Tecnologia para a Indústria Farmacêutica (FCE Pharma), que reúne fornecedores, distribuidores e profissionais de todas as áreas ligadas à indústria farmacêutica, sempre são apontadas as últimas inovações nos produtos, serviços e equipamentos. Em 2015, o destaque foram as soluções em rastreamento de medicamentos, para evitar desvios de cargas e falsificação de produtos.

A previsão para esse ano é de que o Brasil ocupe o quarto lugar no ranking de mercados mundiais, de acordo com a consultoria IMS Health, sendo que os três primeiros são Estados Unidos, China e Japão. A estimativa é de que até 2017 o país atinja em média R$ 87 bilhões em vendas neste segmento. Os motivos apontados por levarem a esse crescimento são o envelhecimento da população, o aumento da renda da maioria dos consumidores e o aumento do acesso aos planos de saúde.

As pesquisas ainda apontam que o mercado americano, que dez anos atrás era responsável por 41% do mercado mundial, responda agora por aproximadamente 31%. Já os países emergentes, que respondiam por 14% em 2006, nesse ano podem chegar a ocupar 30% da receita global.

Ainda falando em números e valores, também se sabe que entre 2016 e 2020 há uma quantidade considerável de medicamentos que perderão sua patente. O Brasil tem aproximadamente R$ 1,8 bilhão em vendas desses medicamentos nesse período. Apesar disso, o número não é tão expressivo se for levado em conta o mercado total.

Conclusão

É importante pensar que, assim como o mercado sofreu alterações e vive uma nova realidade, os clientes também estão cada vez mais exigentes. É necessário investir na personalização do mercado de acordo com o que o cliente espera, centralizando o indivíduo e suas necessidades específicas. Ter um bom relacionamento com o cliente e fidelizá-lo exige esforço constante.

Os profissionais de Farmácia precisam estar sempre atualizados, seja através de leituras de revistas e artigos especializados, seja através de cursos de capacitação e especialização, já que cada área necessita de suas experiências e qualificações específicas. Conhecimento em inglês também é essencial, já que muitas normas são nessa língua, além de pró-atividade, conhecimento técnico, das rotinas de trabalho e das normas vigentes.

Há demanda por profissionais treinados e capacitados na indústria farmacêutica, inclusive no setor de química medicinal, ainda pouco desenvolvido no Brasil, para poder avançar na descoberta de novos fármacos. Algumas doenças ainda são negligenciadas e o país tem grande potencial para desenvolver novos medicamentos, já que possui bons especialistas nestas doenças e químicos capacitados a sintetizar moléculas para serem testadas, mas faltam profissionais para realizar esses testes. Como as inovações são o diferencial do mercado farmacêutico, esse pode ser um excelente nicho.

Com a indústria dos genéricos apostando em novos lançamentos e no fator preço, o crescimento do mercado em geral tende a continuar aumentando e as perspectivas para os próximos anos é de ainda mais expansão.

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